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Belo Horizonte
O "Colóquio Internacional: Tendências contemporâneas da comunicação científica: desafios e perspectivas" foi promovido pela Diretoria de Divulgação Científica, orgão da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais. Foram debatidos os principais desafios da comunicação científica contemporânea tanto em ambientes corporativos quanto em redes entre países da América do Sul.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Divulgação científica para prevenção de doenças negligenciadas: a dengue como exemplo. Poliana da Silva Pedro¹, Walleska de Rezende Modena Barcelos Goes², Bárbara Ávila Maia³, Virginia Torres Schall4.


INTRODUÇÃO
O Laboratório de Educação em Saúde e Ambiente - LAESA – do CPQRR/Fiocruz-Minas, tem como um dos objetivos promover a divulgação científica na área da saúde e do meio ambiente. Seguindo essa concepção, criou o CECIS – Centro de Educação, Ciência e Saúde – cuja proposta é trabalhar o eixo central saúde humana sob uma perspectiva transdisciplinar.Tendo em vista esse objetivo o CECIS, em sintonia com as pesquisas desenvolvidas na Fiocruz, vem realizando atividades de divulgação científica para a promoção da saúde.
As atividades de divulgação científica desenvolvidas pelo CECIS seguem a concepção de que a criança e o adolescente se beneficiam mais de experiências concretas e que integram aspectos cognitivos e afetivose privilegiam o lúdico e a interatividade (Schall, 2005; Pimenta et al., 2006).A seguir, são apresentadas algumas das possibilidades para divulgar o conhecimento científico sobre saúde, em especial sobre a dengue, e que têm sido utilizadas pela equipe do CECIS no desenvolvimento de suas ações.
Mostra científica e recursos lúdicos e interativos sobre a Dengue
A Dengueé uma doença causada por um vírus e atinge principalmente os países de clima tropical. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que três bilhões de pessoas vivem em áreas de risco para contrair dengue no mundo. A doença é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. A melhor forma de se evitar a dengue é combater os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do mosquito transmissor (SVS, 2008). Assim, a participação da população no combate ao mosquito vetor é preconizada por meio de campanhas e ações governamentais, um grande desafio para as políticas de prevenção da doença.
¹ poliana.siilva@cpqrr.fiocruz.br; ² walleska.goes@cpqrr.fiocruz.br; ³ barbara.maia@cpqrr.fiocruz.br; 4 vtshall@cpqrr.fiocruz.br
Fundação Oswaldo Cruz MG/ Centro de Pesquisas René Rachou

 
Sendo assim, a equipe do CECIS concentrou esforços na produção de atividades educativas interativas e lúdicas sobre a Dengue, endemia tropical pesquisada na Fiocruz Minas e importante problema de saúde pública do país.Para a realização dessas atividades, a equipe dispõe de equipamentos como microscópios e lupas,especificamente adquiridas para esta finalidade, em que os visitantes observam o material biológico fornecido por outros laboratórios da Fiocruz Minas, como ovos, larvas, pupas e mosquitos adultos - todos reais - que fazem parte da mostra sobre dengue.
Além dos equipamentos ópticos e estereoscópicos, a mostra conta também com uma maquete da “Casa Perigosa” que pode ser transformada em “Casa Segura” ou “Casa Protegida”. A maquete apresenta vários objetos em miniatura e simula uma residência com vários locais que contêm água parada, propícios ao desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença. A proposta principal é fazer com que os participantes detectem os possíveis focos de reprodução do mosquito e façam as devidas intervenções na maquete com o objetivo de eliminá-los, praticando ações de prevenção.
Os desenhos animados também apresentam grande potencial em divulgar a ciência. Assim sendo, a equipe do CECIS produziu também o desenho animado “AnimaDengue”que aborda práticas preventivas da dengue para o público infanto-juvenil. O roteiro trata de questões ambientais, como a urbanização do vetor e dadoença. Procura-se aproximar a narrativa e o cenário ao cotidiano do público alvo, que pode ser estimular à reflexão e à promoção de ações de prevenção ao se identificar com os personagens e com as situações abordadas no desenho.O divertimento proporcionado por esse recurso áudio-visual não é vazio de conteúdos simbólicos, ou seja, nesses produtos o lúdico é sempre envolvido por outros conteúdos, sejam eles políticos, culturais, sociais, religiosos e/ou econômicos (Siqueira, 2002).
            As experiências da equipe do CECIS na utilização de jogos que abordam temas de saúde demonstram que, além de serem excelentes recursos interativosoportunidade para testar novas habilidades, também são motivadores de participação e envolvimento de crianças e jovens já que trazem situações de trabalho em equipe, diversão, desafio e competição.
                O jogo de dardo e o boliche, recursos simples e de fácil compreensão das regras, tem sido utilizado nas atividades do CECIS. A diferença é que, durante a execução dos jogos, mediadores realizam breves questionamentos sobre temas de saúde.Há também o jogo da memória com figuras que representam atos de prevenção, sintomas e meios de transmissão da Dengue.  Esses jogos interativos buscam estimular o diálogo sobre as doenças tropicais e motivar a participação do público ao se propor um desafio competitivo.

OBJETIVOS
Procura-se explorar a possibilidade de que o público tenha uma visão global da relação entre os aspectos biológicos, sociais e culturais envolvidos na prevenção das doenças como a dengue para que possa se perceber como parte desse processo e agir de acordo com sua realidade e com seu contexto particular trabalhando com a perspectiva de que essas atividades podem colaborar para minimizar o chamado “know-do-gap” – distanciamento que existe entre aquilo que se sabe e o que se coloca em prática (Guimarães, 2010) – conceito discutido no campo da saúde.

METODOLOGIA
            O desenvolvimento dessas atividades é baseado em referenciais teóricos dos campos da Educação, da Educação em Saúde e da Ciência da Informação.  São eles a Aprendizagem Significativa (Ausubel, 1963; Novak e Gowin, 1984 citados em Moreira, 1999) e a Experiência significativa (Schall, 2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
            Estratégias educacionais para a promoção da saúde e do cuidado com o meio ambiente procuram não só informar, mas também - ao estimular o desenvolvimento de uma postura crítica na população e considerar seus conhecimentos acerca do problema de saúde e ambiente - criar condições para que a percepção sobre esse problema efetive-se em um comportamento de prevenção ou de busca por sua superação e em melhoria de qualidade de vida. (Schall, 2010).  Acreditamos que as atividades desenvolvidas e realizadas pelo CECIS contribuem para a aproximação e ampliação da informação sobre saúde e prevenção de riscos junto a população, como também para o crescimento da compreensão sobre a ciência produzida em Minas Gerais e no Brasil e sua interlocução com questões de relevância para a sociedade.
CONCLUSÃO
            Trazer contribuições da ciência de forma lúdica e interativa permite que o conhecimento científico seja desvinculado de um aprendizado livresco e memorizador e que possibilita trabalhá-lo de maneira que despertee transforme emoções e estimule os sentidos, promovendo uma experiência significativa. Tornando dessa forma, mais simples aproximar a ciência da população e também de desmistificá-la como atividade exclusiva do cientista.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

BERTELLI, M. Q., BARROS, H. S., NERY, C. R., SCHALL, V.T.  AnimaDengue: criação e avaliação de um desenho animado sobre práticas preventivas da dengue. In: XII Reunião Bienal da Red POP, Campinas, 2011.

BERTELLI, M.Q; BARROS, H.S; BERNARDES, F.K; SCHALL, V.T.  Estimulando crianças a práticas preventivas da dengue: o desenho de animação como recurso para mobilização. In: XI Reunionde laRedPOP y taller de Ciencia, Comunicación y Sociedad, 2009, Montevideo. PONENCIAS ORALES, 2009a.
CHATEAU, J. O jogo e a criança. São Paulo: Summus, 1987.
GUIMARÃES, M.C.S. Uma geografia para a ciência faz a diferença: um apelo da Saúde Pública. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.26, n.1, p.50-58, 2010.

MOREIRA, M.A. Teorias de aprendizagem. São Paulo: Editora Paulista Universitária, 1999.

PIMENTA, D.N; LEANDRO, A; SCHALL, V.T. Experiências de desenvolvimento e avaliação de materiais educativos sobre saúde: abordagens sócio-históricas e contribuições da antropologia visual. In: MONTEIRO, S; VARGAS, E. (orgs.). Educação, comunicação e tecnologia educacional: interfaces com o campo da saúde. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2006, p. 87-112.

SCHALL, V. T. Cientista ao vivo, cientista online. 2010.

SCHALL, V.T. Histórias, jogos e brincadeiras: alternativas lúdicas de divulgação científica para crianças e adolescentes sobre saúde e ambiente. In: MASSARANI, L. (org.). O pequeno cientista amador. Rio de Janeiro: Vieira &Lent Casa Editorial, 2005, v. 1, p. 9-21.

SCHALL, V.T. Educação nos museus e centros de  ciência: a dimensão das experiências significativas. In: GUIMARÃES, V.F.;  SILVA, G.A. Workshop: educação – museus de centros de ciência.  São Paulo: Vitae, p. 13-26, 2003.

SES/MG - SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS. Análise da situação de saúde – Minas Gerais 2006. 2006. Acesso em 16 fev 2009. Disponível em<http://www.saude.mg.gov.br/publicacoes/estatistica-e-informacao-em-saude/
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SIQUEIRA, D.C.O. Ciência e poder no universo simbólico do desenho animado. In: MASSARANI, L; MOREIRA, I.C. e BRITO, F.(org.). Ciência e público: caminhos da divulgação científica no Brasil. Rio de Janeiro: Casa da Ciência – Centro Cultural de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fórum de Ciência e Cultura, 2002, p. 107-119.

SVS - SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. 2008. Glossário: doenças de A a Z. Acesso em  17 jun de 2012. Disponível em: <http://189.28.128.100/portal/saude/Gestor/area.cfm?id_area=962#>

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