Museu Itinerante Ponto UFMG – desafios da arte, ciência e educação
PONTO
UFMG ITINERANT MUSEUM – art, science and education challenges
Jessica Norberto Rocha, Universidade Federal de Minas
Gerais e Universidade Estadual de Campinas, jessicanorberto@yahoo.com.br
Resumo:
O Museu
Itinerante Ponto UFMG é um museu de ciência e tecnologia interativo adaptado em
uma unidade móvel que atenderá escolas e cidades de Minas Gerais. Constituído
de um caminhão com seu espaço interior adaptado em seis ambientes apresenta uma
proposta inovadora no Brasil. O museu, além de transportar artefatos e
materiais para montagem de exposições e oficinas externas, oferece atividades
que utilizam aparatos artísticos tecnológicos nos ambientes internos do baú. Um
dos grandes desafios do projeto é aliar a arte, ciência e educação a fim de
implantar salas que ambientadas que proporcionem aos visitantes experiências
estéticas e científicas inéditas.
Palavras-chave: museu, educação científica,
divulgação científica, arte
Abstract:
Ponto UFMG Itinerant Museum is an interactive science
and technology museum from the Federal University of Minas Gerais (Brazil)
that, because it is built in a mobile unit, can visit schools and towns which
usually do not have access to this kind of activity in the state of Minas
Gerais. Ponto UFMG Itinerant Museum presents an innovative and challenging
proposal. The tractor trailer does not only transport artifacts and equipment
to build external exhibitions, shows and workshops in a total of approximately
800 square meters, but it is also explored as a museum area since it offers
activities that use technological apparatus in its six internal rooms. One of
the museum’s greatest challenges is to join art, science and education to set
the rooms and offer a unique esthetical and scientific experience to the
visitors.
Key words:
museum, education, science popularization, art
Os museus e centros
interativos de ciência e tecnologia têm sido atualmente apontados como
instituições e espaços onde ocorre a comunicação pública da ciência e são
capazes de conectar os avanços e as questões relacionadas à ciência com os
interesses do cidadão da comunidade. Além disso, promovem ações buscando a
educação não formal de Ciência e Tecnologia, estímulo às vocações científicas e
técnicas, desenvolvimento de uma consciência crítica sobre as problemáticas da
ciência e apoio à operação do sistema educativo formal. Espera-se assim que as
visitas aos museus contribuam para a alfabetização científica com uma dimensão
cívica, ou seja, constituída de elementos de relevância social e que tornem o
cidadão apto a participar de forma mais bem informada e, portanto, mais
consistente nos debates científicos e sociais.
Hoje, e de maneira
especial, no Brasil, a motivação não é diferente: a alfabetização científica
para o exercício da cidadania. Tal motivação ocupa um espectro que vai da
prosperidade nacional ao reconhecimento do conhecimento científico como parte
da cultura humana, incluindo, em seu significado, o exercício da cidadania (na
avaliação de riscos e nas escolhas políticas), o desempenho econômico e as
questões de decisão pessoal. Assim, para a educação de qualquer pessoa no mundo
contemporâneo, é fundamental a noção sobre o que acontece em ciência e tecnologia,
isto é, seus principais resultados, seus métodos e usos, e também seus riscos e
limitações, bem como, os interesses e determinações que governam seus processos
e aplicações. Ser um cidadão alfabetizado cientificamente, no sentido cívico, é
buscar informações, analisar, compreender, reavaliar, criticar, expressar
opiniões e argumentar sobre questões de ciência e tecnologia relacionadas,
especialmente, com a vida cotidiana, o futuro próximo e imediato. Formar um
cidadão crítico é permitir a melhora da sua qualidade de vida.
Na
América Latina, diversas iniciativas vêm sendo desenvolvidas para promover a
articulação de ações de popularização da C&T entre diferentes países. Um
bom exemplo é a Rede de Popularização da Ciência e Tecnologia da América Latina
e Caribe (Red-POP), criada pela Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 1990 a fim de “contribuir para o
fortalecimento, intercâmbio e ativa cooperação entre os centros e programas de
popularização da ciência e da tecnologia na América Latina e Caribe”, como
descreve seu estatuto. Dentre suas atividades encontram-se a identificação de
programas e projetos na área de popularização da C&T que se desenvolvam por
meio de cooperação regional, a difusão de projetos existentes em esferas
nacionais e regionais para a tomada de decisões conjuntas, o estudo de
problemas identificados e a procura de soluções que aproveitem as infraestruturas
existentes, a contribuição para a formação e capacitação de profissionais da
área ligados aos centros e programas.
Na
mesma direção, o governo brasileiro vem promovendo um grande esforço para
estabelecer uma política de difusão e popularização da ciência que possa
responder às crescentes demandas da população brasileira e diminuir a distância
entre ciência e vida cotidiana. Nas duas últimas décadas, houve uma expansão
significativa de ações do governo federal e dos estaduais por meio do
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Secretarias de C&T e Fundações de
Apoio à Pesquisa (FAPs), entre outros organismos preocupados com a divulgação
científica no país.
Como
parte desta política, foram criados centros e museus de ciência em diferentes
regiões brasileiras; incentivadas olimpíadas de Ciências, Matemática, História;
cursos para formação de professores de Ciências nas escolas do Ensino Básico,
Fundamental e Médio, entre outras ações.
No mesmo período verificou-se, também, a crescente publicação de livros,
revistas e websites; maior cobertura
de jornais sobre temas científicos; organização de conferências populares e
outros eventos que despertam o interesse em audiências diversificadas por todo
país.
Paralelamente
a essas iniciativas do governo, surgiram ações destinadas a elaborar
instrumentos para medir os níveis de percepção pública e de cultura científica
da sociedade apoiadas por instituições de ensino e pesquisa e gestão pública da
política científica. Tais pesquisas foram legitimadas como instrumento
para pesquisadores e profissionais da esfera pública conhecerem as principais
tendências de opinião e também do comportamento geral, constituindo-se, assim,
em um canal de conhecimento sobre valores e atitudes, além de aspectos
específicos sobre a C&T.
Recentemente, em
2010, o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), com colaboração da UNESCO,
realizou a pesquisa “Percepção Pública da Ciência e Tecnologia no Brasil” com
cerca de duas mil pessoas em várias regiões do país. O objetivo principal do
trabalho foi, através de questionários com perguntas abertas e fechadas, fazer
um levantamento do interesse, grau de informação, atitudes, visões e
conhecimento que os brasileiros têm da Ciência e Tecnologia, tendo como
público-alvo a população brasileira adulta, homens e mulheres e jovens com
idade igual ou superior a 16 anos. A pesquisa revelou que o percentual de
pessoas muito interessadas em ciência é de 65%. Os brasileiros também se
revelam otimistas, 82% consideram que a ciência trouxe mais benefícios para a
sua vida e 50% que a situação de avanço da ciência brasileira é intermediária.
No entanto, apesar do interesse, da visão positiva da ciência e do acesso à
informação, por meio da televisão e da internet, a grande maioria dos
brasileiros tem pouco conhecimento na área: somente 15% das pessoas abordadas
foram capazes de citar uma instituição científica importante no Brasil e poucos
puderam indicar o nome de um cientista famoso. Além disso, a presença da
população nos espaços científicos (museus, jardins botânicos e centros de
ciência) é pequena e desigual, apenas 8% se declararam visitar algum museu por
ano. (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2010)
Como se pode ver a cultura científica brasileira ainda parece frágil e
limitada, com grande parte da população sem acesso à educação ciência e da
informação com respeito à C&T. O quadro também aparece problemático na
educação científica formal. Diversas
avaliações mostram que o desempenho dos jovens brasileiros em ciências, na
maioria das vezes, está abaixo do desejado. Para ilustrar, analisamos o
resultado do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) –
avaliação internacional padronizada, desenvolvida conjuntamente pelos países
participantes da OCDE, aplicada a alunos de 15 anos no ensino regular. O PISA
abrange os domínios de Leitura, Matemática e Ciências, não somente quanto ao
domínio curricular de cada, mas também quanto aos conhecimentos relevantes e às
habilidades necessárias à vida adulta. Os resultados brasileiros em Ciências
não são satisfatórios quando comparados com o nível atingido por outros países.
Em 2000, de 43 países avaliados, o Brasil ficou na 42º colocação com 375
pontos, acima apenas do Peru; em 2003, de 41 países avaliados, o Brasil também
ficou apenas uma colocação acima do último, Tunísia, apesar de subirmos para
390 pontos. Em 2006, em 57 países, ficamos na posição 52 acima de Colômbia,
Tunísia, Azerbaijão, Catar, Quirguistão, mantendo a média de 390 pontos da
avaliação anterior. Por fim, em 2009, dos 65 países participantes, ficamos na
posição 53 com 405 pontos. (OECD, 2000, 2003, 2006, 2009)
É inegável que a pontuação
em Ciências subiu 35 pontos desde 2000. Entretanto, os resultados ainda estão
muito aquém dos demais países, o que revela a necessidade da melhoria da
qualidade do ensino de Ciências nas escolas brasileiras. Essa melhoria passa,
necessariamente, pela qualificação dos professores e por laboratórios adequados
ao ensino.
Vários educadores têm destacado o
problema do baixo nível de ensino de Ciências no Brasil. Um deles é o físico
Ildeu de Castro Moreira, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) e coordenador do Departamento de Popularização da Ciência no governo
Luiz Inácio Lula da Silva. Ao avaliar a
situação da educação formal em Ciências, no país, que considera insatisfatória,
ele afirma:
(...) o desempenho dos estudantes
brasileiros é muito baixo nos assuntos que envolvem ciências e matemáticas. O
ensino de ciências é, em geral, pobre de recursos, desestimulante e
desatualizado. Curiosidade, experimentação e criatividade geralmente não são
valorizadas. Ao lado da carência enorme de professores de ciências, em especial
professores com boa formação, predominam condições de trabalho precárias, com
deficiências graves e, laboratórios, bibliotecas, material didático, inclusão
digital, etc. (MOREIRA, 2008, p. 70)
Nesse contexto,
propomos a implantação do Museu Itinerante de Ciência e Tecnologia da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Este museu foi concebido para ser itinerante, dinâmico, e trabalhar de forma
interativa diversas áreas da ciência e tecnologia, sempre considerando a realidade
da comunidade a ser visitada. Um espaço dedicado a alunos e professores da
Educação Básica, que objetiva promover estímulos a favor do conhecimento, do
método científico e da opinião científica, em que a ciência seja trabalhada
como processo em construção, despertando vocações científicas. O Museu
Itinerante PONTO UFMG é constituído de um caminhão com seu espaço interior
adaptado em seis ambientes distintos, apresentando uma proposta inovadora no
Brasil. Além de transportar artefatos e materiais para montagem de exposições
externas, atrações e oficinas, em um total de aproximadamente 800m², oferece
atividades que utilizam aparatos artísticos tecnológicos nos ambientes internos
do baú.
O
Projeto Ciência na Estrada – Museu Interativo, hoje denominado Museu Itinerante
Ponto UFMG nasceu em 2006 para desenvolver ações articuladoras visando
aproximar o conhecimento científico produzido nos centros de pesquisa de
instituições como a UFMG e a sociedade, notadamente alunos e professores da
educação básica, dos municípios do nosso estado.
A
motivação para o empreendimento surgiu a partir de alguns aspectos da realidade
científico-tecnológica, dentre eles: a) carência de material, laboratório e
equipamento científico e tecnológico nas escolas; b) falta de acesso de grande
parcela da população ao ensino de qualidade da ciência; c) exclusão desta
população do contato com tecnologias; d) a crença de que uma população com
educação científica e tecnológica básica estará em melhores condições de pensar
e atuar na sociedade em que vive e; e) a constatação, por meio de consulta
formal a algumas prefeituras do nosso estado, de que aquelas comunidades
demonstram grande interesse e disponibilidade para receber um museu itinerante
de ciência e tecnologia.
Nesta
perspectiva, foi desenvolvido e elaborado o Projeto para concorrer a um edital
de auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
(Fapemig), que aprovou o necessário apoio.
Além
da museóloga e consultora técnica Célia Maria Corsino que trabalhou na equipe
de concepção do Projeto, em 2007 foi negociada a contratação como consultor, do
Professor Doutor Jeter Bertoletti, um reconhecido profissional na área de
museologia, experiente na implantação de museu itinerante e diretor do Museu de
Ciência e Tecnologia da PUC-RS. Objetivou-se com essa ação discutir as etapas
de implantação; definir os equipamentos permanentes a ser adquiridos;
selecionar os temas a serem abordados na primeira exposição; a estrutura das
atividades pedagógicas a serem propostas; propor a capacitação necessária para
os integrantes da equipe e; o cronograma de implantação. Desses encontros e de
vários contatos resultaram melhorias e avanços no Projeto original como, por
exemplo, a redefinição de marca e modelo de cavalo mecânico que proporcionaria
maior economia de combustível, menor gasto e maior facilidade de manutenção,
maior durabilidade do equipamento, bem como redefinir o tipo e tamanho do
chassi e baú que permitiriam melhor adaptação das exposições e atendimento ao
público visitante, além de sugestões em relação à identidade visual, logomarca,
material de divulgação e outras. Por volta de novembro de 2008, o veículo
emplacado e segurado chegou à UFMG.
Além
do processo para aquisição do cavalo mecânico, foram também executadas várias
outras atividades, das quais se destacam: discussões e escolha do nome para o
museu que passou a se chamar Museu Itinerante Ponto UFMG; criação da logomarca
do museu; criação de identidade visual para plotagem do cavalo mecânico e baú;
criação de peças para divulgação; organização e realização de “Curso de Capacitação de Monitores para o Museu
Itinerante Ponto UFMG”, destinado a alunos da graduação interessados em
trabalhar em espaços interativos de ciência; participação em eventos de
divulgação científica e museus de ciências; pesquisa de materiais para produção
dos experimentos; seleção de motorista, servidor da UFMG; capacitação do
motorista para a tarefa de dirigir um museu itinerante.
De junho de 2008 em diante, a equipe do
Projeto começou a utilizar em eventos alguns dos experimentos desenvolvidos
para o Museu Itinerante, tendo por objetivo avaliar sua didática,
funcionalidade e durabilidade. A equipe do Projeto também planejou e aplicou
pesquisa com alunos da educação básica e alunos da graduação para identificação
de temas de interesse para as exposições. A pesquisa mostrou que os alunos da
graduação demonstraram interesse por temas atuais, veiculados na mídia, tais
como aquecimento global, DNA e existência de vida em outro planeta. Já os
alunos da educação básica manifestaram curiosidade pela forma como ocorrem os
fenômenos naturais, como funcionam os equipamentos tecnológicos, em geral, como
as coisas funcionam.
Em
julho de 2010, os recursos foram liberados e foi encaminhada à Fundação de
Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP), a solicitação de abertura de processo de
licitação para contratação da empresa que executará as adaptações e plotagem na
carreta e no cavalo mecânico. Paralelamente às ações de adaptação do baú, em
2011, materiais de apoio ao professor e ao monitor sobre as práticas
pedagógicas possíveis de serem desenvolvidas em um museu de ciência e
tecnologia estão sendo desenvolvidos pela equipe acadêmica. Junto à inauguração
do museu serão lançados dois livros/cartilhas: O manual de experimentos e atividades de um Museu Itinerante de Ciência
e Tecnologia e A bordo de um Museu
Itinerante: atividades de ensino não formal de ciência. Estes materiais
visam auxiliar os educadores no planejamento, desenvolvimento e avaliação da
visita ao museu, ajudando a tornar a visita mais significativa e qualificada
para o aluno, como um continuum entre
a educação formal obtida na escola e a educação não formal propiciada no espaço
do museu.
Descrição
do espaço e da pedagogia museal
Na
maioria dos espaços científico-culturais contemporâneos, o que se percebe,
atualmente, é que não existe apenas uma única abordagem pedagógica comunicativa
predominante. Na verdade, a pedagogia museal se dá na interação de elementos de
várias abordagens em um mesmo lugar ou atividade, atingindo, assim, um público
com distintas formas de se relacionar com os objetos e formas de aprendizagem.
Ao selecionar o tema, os objetos, os formatos, os recursos audiovisuais, os
tipos de interação e o público esperados, os espaços estabelecem um compromisso
didático com o visitante.
Na
trajetória dos museus e exposições científicas recentes há um deslocamento de
um paradigma histórico, de onde se privilegia a contemplação de objetos
singulares e/ou representativos de um determinado grupo ou época, para um
paradigma educacional, mais comprometido com a divulgação de ideias e conceitos
científicos através de modelos representativos em exposições temáticas
(MCMANUS, 1992).
A
abordagem social e cultural da ciência e tecnologia é uma dimensão presente nas
exposições contemporâneas. Valorizam-se os modelos dialógicos em que a
comunicação entre ciência e sociedade não é uma via de mão única e se valoriza
o diálogo entre os cientistas e os não cientistas. Nesse contexto, também vemos
que a abordagem da controvérsia científica em museus tem sido tema de destaque
na bibliografia.
Esse
modelo dá ênfase especial à importância da linguagem, de influências sociais e
da relação com o contexto cultural. A exposição é intrinsecamente situada num
contexto cultural e social, e, em muitos aspectos, conhecimento e cultura são a
mesma coisa. A língua e linguagem são os veículos em que os visitantes
desenvolvem suas habilidades e podem dialogar com o conhecimento que existe
como um produto cultural do meio. Além disso, essa abordagem também requer um
ambiente bem decorado que comunica efetivamente em todos os níveis.
Considerando
todos esses pressupostos, a equipe do Museu Itinerante PONTO UFMG, concebeu sua
exposição, que ocupará um espaço de aproximadamente 800 metros quadrados, em
torno do eixo temático: O homem e suas relações com o meio.
Ambiente interno do baú
Experienciar:
Consiste na simulação do ambiente intrauterino, trazendo, para os visitantes,
sensações vividas e informações durante a estadia na barriga materna. O intuito
é a reflexão sobre si mesmo, sua origem e seu futuro como ser humano. Sentidos: O visitante poderá interagir
com o ambiente, descobrindo formas de interagir com o mundo através dos
sentidos (paladar, audição, olfato, tato e visão). Submarina:
Simula o ambiente da sala de controles de um submarino submerso em águas
profundas. Ao entrar, os visitantes verão os seres abissais através de
escotilhas, a orientação pelo sonar e uma visão do ambiente pelo periscópio.
Nessa sala, há uma discussão sobre as condições necessárias para a existência
de vida em um determinado meio. Projeção 3D: Será como uma sala de
cinema e exibirá um vídeo em 3D que mostra uma fascinante viagem por ambientes
do planeta e o desenvolvimento científico e tecnológico, para que sejam analisados
e debatidos aspectos de sua grandeza e diversidade. Mundo: O visitante terá a oportunidade de fazer uma visita a várias
cidades do mundo, através de um recurso de telas que possibilitam a interação
com o local. De essa maneira, quem visitar essa sala poderá passear por lugares
que nunca foi e comparar a sua própria cultura com a cultura deste lugar. Consciência: Será um ambiente onde os
visitantes interagem com imagens do nosso mundo por meio de botões,
influenciando no meio ambiente e no homem. Essa experiência visa contribuir com
a percepção de que uma mudança de atitude pode melhorar a condição do ser
humano no planeta.
Um
dos grandes desafios enfrentados atualmente pela equipe do museu no processo de
implantação é aliar a arte e ciência na construção dessas salas de forma que
proporcionem aos visitantes experiências estéticas e científicas inéditas,
dialógicas e memoráveis. Por esse motivo, a equipe do museu vem mobilizando
profissionais de diversas áreas da UFMG, como Arquitetura, Belas Artes, Ciência
da Computação, Neurociências e Ciências Biológicas para o comitê artístico e
científico da implantação do museu.
Ambiente externo
A
exposição do ambiente externo, denominada “Galeria Homem”, será constituída por
trinta experimentos que articulam diferentes áreas do conhecimento. Alguns dos
experimentos são: Crânios Antropológicos; Cérebro Gigante; Teste - Qual é o seu
tempo de reação; Jogo da Velha 3D, Ilusão de ótica; Triângulo Impossível;
Imagens de você mesmo: Caleidoscópio Humano; Homem Fatiado; Potência do pulo;
Rastro da estrela; Caixa de voz; Sintetizador de voz; Código Morse, Ponte
Catenária, Harpa a laser. Além desses espaços, teremos um ambiente para a
realização de oficinas pedagógicas para professores abordando a metodologia de
ensino das diferentes áreas do conhecimento e oficinas para alunos, ambas com
duração de 60 minutos coordenada por professores e alunos de pós-graduação da
UFMG.
A abordagem social e
cultural da ciência e tecnologia é um meio de levar a cultura da população
local para dentro do museu, para que os conhecimentos científicos e
tecnológicos atuais e passados sejam debatidos. Por isso, a abordagem que
adotamos no museu valoriza as concepções dos modelos dialógicos, em que a
comunicação entre ciência e sociedade não é uma via unidirecional e que a
sociedade é determinante no desenvolvimento da ciência e tecnologia do país.
Nessa perspectiva, acreditamos que a participação do público e dos cientistas
em assuntos de C&T e na formulação de políticas científicas e tecnológicas
tem que acontecer nas mesmas condições, para isso temos um espaço propício no
museu. Fóruns, debates, conferências ou bate-papo científicos são realizados
com a participação da comunidade visitada e um ou mais pesquisadores convidados
da UFMG ou outra instituição de pesquisa.
Ao
iniciar as viagens ao interior de Minas Gerais, espera-se sensibilizar os
alunos, professores, bem como a população em geral, a se interessarem mais por
leituras científicas e temas de C&T, a aprenderem a trabalhar com diversas
formas de tecnologia e a compreenderem a ciência como uma articulação de
diferentes áreas do conhecimento. Espera-se, ainda, que as ações do Museu
Itinerante PONTO UFMG motivem os professores atendidos no a realizarem
atividades extraclasse e a levarem seus alunos a museus, centros interativos de
ciência, teatros e cinemas no intuito de desfrutar do conhecimento que os
espaços oferecem e de estimular a criação de grupos de estudos na cidade sobre
temas de interesse comunitário.
Por fim, esperamos
que o trabalho aqui apresentado contribua para despertar vocações científicas e
o interesse pelos estudos científicos e técnicos dos jovens em diversas áreas
do conhecimento. Além disso, também esperamos melhorar a relação entre os
diferentes agentes do nosso sistema e que estimule a tomada de consciência dos
cidadãos da importância da ciência e tecnologia para seu próprio bem estar e
nas tomadas de decisões públicas. E para finalizar, que consigamos atingir
adequada governança das políticas de popularização da ciência e tecnologia,
rumo à inovação, transversalização e democratização do conhecimento no país.
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