JUOL - JORNAL UNIVERSITARIO UENF ON
LINE:
UMA DÉCADA PRÁTICA DE DIVUGAÇÃO E POPULARIZAÇÃO DA CIENCIA,
TECNOLOGIA E EXTENSÃO
DESDE O NORTE FLUMINENSE
Gantos, Marcelo Carlos,
Zaganelli, Bárbara; Florêncio, Leandro de Souza
Universidade Estadual do
Norte Fluminense (UENF)
“Palavra Chave:” Extensão Inovadora; Comunicação; Mídia eletrônica; Divulgação Cientifica
;Popularização do Conhecimento
INTRODUCÃO
Desde inicio deste século testemunhamos na sociedade uma
poderosa “manobra estratégica” de transferência no meio técnico-científico
marcada por uma massiva onda migratória para os novos meios e serviços
eletrônicos na produção, gestão e comunicação do conhecimento, situação
que no marco do ensino superior impulsiona a posta em pratica de uma operação
de re-transcrição de hábitos e saberes
(BARBERO, 1997).
Um recente estudo de mestrado realizado no âmbito da
pós-graduação em Políticas Sociais do CCH /UENF evidenciou um avançado processo
de mutação na cultura do jovens alunos respeito das praticas tradicionais de
leitura e sua relação com a divulgação cientifica. A pesquisa verifica uma
maciça migração do interesse e a atenção dos jovens para as novas formas de
comunicação eletrônica associadas ao uso de Internet como referencia cultural e
estilo de sociabilidade acadêmica (D´ALESSANDRI MUYLAERT, 2010).
Este vertiginoso momento de mutação cultural nos impus
dentro da Universidade a urgente tarefa de adaptação e re-configuração
dos nossos domínios, estruturas e práticas cognitivas e comunicativas
adaptadas agora às novas possibilidades abertas pela consolidação da
sociedade da informação (TAKAHASHI, 2000) como contextos de significação de
nosso agir cientifico, acadêmico e
político (PRETTO,2005).
Nesse cenário desde a Unidade Experimental de Som e Imagem
consideramos prioritário cooperar na experimentação coletiva de uma estratégia institucional
voltada para a inovação e fortalecimento do campo da Divulgação Científica
assim como gerar
para ações de Popularização da
Ciência e a Tecnologia via audiovisual e mídia eletrônica (MASSARANI, 2002).
Portanto, propomos o aproveitamento tático das ferramentas disponibilizadas
pela convergência mediática articuladas a linguagem audiovisual enquanto suporte informativo, já que como
expressou Geraldo Sarno, mentor do projeto originário da UESI, “é a linguagem
do mundo contemporâneo... Fundamental para o exercício político - porque é
através dela que se exerce o poder político e as escolhas políticas.”.
Esta complexa e avassaladora
realidade que compartilhamos, somatória de tendências e mudanças sócio
técnicas, delimitadas para nós particularmente à esfera da produção audiovisual
e a disseminação do conhecimento, a ciência e a cultura, nos indica que vivemos imersos num período
histórico de redefinição da sociedade. A
convergência mediática (informática + internet + video) como modo de produção
audiovisual e a TV como meio de comunicação de massa são percebidas hoje com as
ferramentas privilegiadas da atual fase de
instrumentalização eletrônica dos processos centrais do
conhecimento e inclusão social contemporâneos que englobam tanto o
ensino-aprendizagem e a inovação, como formas alternativas de capacitação, formação e
acessibilidade da informação cientifica e sócio-cultural para a população, todos estes aspectos chaves de sustentação para as formas emergentes da cidadania contemporânea
(BERNARDES,2007)
Os objetivos orientadores que persegue este projeto são: consolidar a área de
divulgação cientifica e tecnológica na UENF promovendo via JUOL a re-criação em
2008/2009 da TV universitária em suporte WEB; desenvolver novas linguagens e
formatos de comunicação audiovisual que possibilitem fazer uma experiência
de divulgação cientifica menos formal, nem por isso menos correta, baseada no
exercício cotidiano da cidadania mediante o fomento ao direito a
informação. Por fim, se trata de democratizar a informação sobre a produção do
conhecimento estimulando a curiosidade,
criatividade e capacidade de inovação dos jovens estimulando o desenvolvimento
no alunado de novas competências lingüísticas, estéticas e técnicas que
promovam a geração de uma experiência de divulgação cientifica atrativa para o
publico jovem, isenta e, sobretudo,
eticamente cidadã.
METODOLOGIA
O JUOL desde sua criação como projeto de pesquisa em extensão
universitária se apóia numa metodologia “ativa” vivenciada, prioritariamente,
no âmbito da universidade, em seus laboratórios e salas de aula. Os conteúdos
são elaborados a partir de pautas pré-estabelecidas em reuniões regulares da
equipe passam por uma permanente
tradução de informações para nosso modelo de divulgação cientifica
eletrônica. Isto implica trabalhar um processo de transcrição (“encoding”)
permanente que se dá pela interação e dialogo constante entre ciência,
conhecimento técnico e conhecimento comum e que se deseja vir a ser legitimado
por aqueles aos quais os resultados irão beneficiar diretamente. Na cooperação na elaboração das reportagens e
matérias, no apoio na produção e nas duvidas expostas por esses sujeitos, os
beneficiários se reconhecem como participes do processo de produção de
informações e conteúdos e também compõem
a audiencia.
Para dentro da própria instituição, traça-se uma visão integrada
do social, somando à vida acadêmica o conhecimento recolhido no confronto com a
realidade e a experiência cotidiana. A Universidade através do trabalho do JUOL
assume seu compromisso público de se mostrar como um ponto de produção
cientifica e tecnológica antenado e ligado às questões sociais de seu publico
alvo.
A metodologia se fundamenta numa comunicação para mobilização
social (HENRIQUES, 2002) entendida como uma comunicação de
natureza participativa que inclui a perspectiva do outro, permitindo uma ação
transformadora. Surge da necessidade de repensar a produção e distribuição do
conhecimento a partir dos processos comunicativos, procurando oferecer
oportunidade ao maior numero de cidadãos de alcançá-lo. É uma vertente democrática
e pedagógica que alia a comunicação audiovisual
a divulgação cientifica não só nos âmbitos de uma comunicação que
veicula mensagens científicos tecnológicos para o grande publico senão também de uma comunicação popular onde as
pessoas podem chegar a ser, além de receptoras, produtoras e emissoras das
mensagens. Esta mediação, a um só tempo
comunicativa e pedagógica, e em nosso caso experimental pelas suas
características de inovação sócio-tecnológica, depende, como afirma PERUZZO
(1999), de uma participação direta dos atores comunitários implicados nos
processos comunicativos (mensagens, produção, planejamento e gestão dos meios
de comunicação) e de estabelecer uma visão das pessoas como sujeitos ativos do
processo de conhecimento. Busca-se experimentar e descobrir formas de adaptar
as ferramentas de comunicação cientifica seu modo de produção e seus usos à
realidade da comunidade em foco, bem como de possibilitar a educação da
sensibilidade desta para a compreensão e o desejo do uso dos conhecimentos e
das tecnologias em seu próprio benefício, construindo em conjunto as
estratégias próprias para sua utilização.
Se promove a invenção de uma cultura cientifica local mediada
pelo diálogo dos saberes e a cooperação interdisciplinar, fortalecendo assim a
função de cidadania, na medida em que os participantes desenvolvem seu
conhecimento trocam experiências e modificam seu modo de ver e relacionar-se
com seu objeto, com a ciência, com a sociedade e com o próprio sistema de
comunicação eletrônica encurtando distancias físicas e re-criando presenças
virtuais.
Durante os últimos dois anos foi experimentado como formato
privilegiado do JUOL a modalidade de
REPORTAGEM DOCUMENTÁRIO AUDIOVISUAL. Esta se caracteriza, com respeito a outros
gêneros, por sua diversidade temática e sua flexibilidade formal e adequação
aos fins do projeto. É um gênero versátil já que se pode incorporar múltiplos
procedimentos e recursos. Pode, por exemplo, absorver outros gêneros
jornalísticos informativos – como notícias, crônicas, entrevistas – e de
opinião – colunas e comentários – ou, além disso, pode assimilar parcial ou
totalmente gêneros literários e artísticos – como novelas, ensaios ou teatro. A
reportagem permite dar conta de uma realidade cada vez mais completa, de maneira
que o receptor contemporâneo, com diferentes necessidades e exigências, não só
tenha a possibilidade de estar informado como também de conhecer as causas e
interpretações do acontecimento em foco.
A metodologia de divulgação cientifica aplicada esta mediada
pelas técnicas audiovisuais
desenvolvidas na UESI de aproximação transversal, dialógica e interativa entre
diferentes atores, entre o senso comum, o saber popular e o mundo acadêmico -
cientifico, a Universidade, sua comunidade e por extensão a sociedade. Com
isso, vale ainda a referência ao pensamento de FREIRE (1992) que fala da
produção de conhecimento a partir de sua problematização, exigindo a
co-participação e a reciprocidade entre aqueles que possuem o saber, ensinam e,
ao mesmo tempo, aprendem.
Na esfera das técnicas de pesquisa aplicada à elaboração do
JUOL, destacamos procedimentos próprios do domínio audiovisual tais como as
atividades da área de produção, o registro videográfico (filmagem e captação de
áudio), os processos digitais de edição e finalização dos produtos, a
formatação para publicação na internet. Por ultimo o processo de gravação e arquivamento em
mídia digital (DVD) .
RESULTADOS
Ao longo de uma década de existência graças a cíclica renovação da equipe de colaboradores via programa
Universidade Aberta, o JUOL tem conseguido melhorar a dinâmica de produção e
atingir os objetivos cada dia mais exigentes. Destacamos neste ultimo biênio a
elevação da freqüência da produção e disponibilizacão da pagina WEB de uma
interessante seqüência programada de conteúdos que de forma equilibrada
demonstram o potencial inovador da produção cientifica, tecnológica e
extensionista dos diversos centros da UENF (ver em http://www.uenf.br/Uenf/Pages/CCH/UESI/Jornal_Online/).
Esta conjuntura se traduz na origem alargada dos acesos ao JUOL,
que provenientes de diversos países do mundo testemunham a demanda global de
informação e capacidade
de alcance da iniciativa, fato que
nos valeu o convite recente para integrar a "Coleção Memória
Nacional", coordenada pela Biblioteca Nacional.
A melhoria da qualidade técnica e estética da interfase
eletrônica do JUOL na WEB aparece ainda com o maior desafio por atingir em
virtude das ainda limitadas condições da infra-estrutura de Rede da UENF. Isto
evidencia a integralidade e necessária cooperação dos segmentos técnicos e criativos no possesso de desenvolvimento do produto e sua interface
com seupublico. O projeto JUOL desde 2002 mantêm uma seqüência regular e
tematicamente diversa de publicações eletrônicas apoiada no trabalho de numa
equipe de bolsistas de diversas formações e modalidades (PIBITI/IC e Extensão)
e até de Pós-Graduação, preparados
permanentemente para auxiliar os técnicos na realização e manutenção do jornal.
Todos os bolsistas incumbidos desenvolvem competências variadas, tanto técnicas
como intelectuais; sabem editar, redigir textos e também entrevistar e
apresentar, além de arquivar e armazenar os diversos conteúdos e as matérias. A
vigência do JUOL se caracteriza pelo forte participação discente e apelo a
inovação incorporando novas técnicas e tecnologias que são aprendidas e
experimentadas em cada edição do jornal num ambiente participativo. O projeto
também auxilia os alunos a se manter informados sobre o dia a dia da UENF
acedendo as pesquisas que estão sendo realizadas, conhecendo os pesquisadores e
discutindo suas utilidades e aplicações. Professores também são beneficiados
por terem suas pesquisas expostas no jornal e assim divulgadas dentro e fora da
comunidade.
CONCLUSÃO
O JUOL, primeira experiência de mídia eletrônica universitária
da região, sustentada na dedicação de
seus colaboradores e apóio da PROEX, permanece vigente e com um horizonte de
possibilidades cada vez mais amplo. A
recente outorga de um auxilio FAPERJ para o projeto JUOL é o reconhecimento do
Cnpq no ultimo edital dedicado a promover a divulgação cientifica, são mostras
da maturidade atingida pelo JUOL. O
auxilio referido contribuirá à modernização parcial da infra estrutura da
UESI fato que permitirá otimizar
tarefas e desta foram crescer e somar a oferta atual de conteúdos novas
modalidades de reportagens temáticos de maior duração em formato
documental e simultaneamente prefigurar uma plataforma integrada de WEB
TV-radio como estratégia viável.
A vigência do JUOL se caracteriza pelo forte participação
discente e apelo a inovação incorporando permanente de técnicas e tecnologias
que são aprendidas e experimentadas em cada edição do jornal num ambiente
participativo. O projeto também auxilia os alunos a se manter informados sobre
o dia a dia da UENF acedendo as pesquisas que estão sendo realizadas,
conhecendo os pesquisadores e discutindo suas utilidades e aplicações. Professores
também são beneficiados por terem suas pesquisas expostas no jornal e assim
divulgadas dentro e fora da comunidade.
Destacamos o fato que o
trabalho de campo e produção audiovisual realizado pelo JUOL vem despertando
aos participantes para a descoberta do mundo da ciência e vida acadêmica
estimulando o diálogo entre saberes e a cooperação interdisciplinar. Na medida
em que as pessoas envolvidas nas atividades desenvolvem seu conhecimento e
trocam experiências num fazer comum mudam seu modo de ver e relacionar-se com a
ciência, a cultura e a sociedade. A metodologia praticada se apóia nas artes do
vídeo aplicada para uma comunicação dirigida para a mobilização social. Isto
promove uma relação de aproximação transversal, dialógica e interativa entre
diferentes atores, entre o senso comum, o saber popular e o mundo acadêmico –
cientifico, as expressões culturais, a Universidade e a comunidade local.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
BARBERO, Jesus Martín(1997). Dos meios às mediações. Rio de
Janeiro: UFRJ.
BERNARDES, Cristiane. Hélio Costa diz que canal digital público
é possível.
Disponível em:
<http://www2.camara.gov.br/homeagencia/materias.html?pk=100403
>. Acessado em 2 abr. 2007
D´ALESSANDRI MUYLAERT, Fúlvia M.(2008) Ciência e Sociedade: uma
analise da compreensão publica da ciência entre leitores de jornais e jornalistas de Campos dos Goytcazes (RJ)
Dissertação de Mestrado, PPGPS/UENF
HENRIQUES, Márcio Simeone (org) (2002) Comunicação e estratégia
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FREIRE, Paulo.(1992) Comunicação ou extensão? Rio de Janeiro:
Editora Paz e Terra.
LOGAN, Robert, K. (2012) Que é a informação. A propagação da
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Janeiro , Ed.Contraponto-PUC Rio
MASSARANI, Luisa; MOREIRA, Ildeu de Castro; BRITO; Fátima
(2002). Ciência e Público; caminhos da
divulgação científica no Brasil. Rio de Janeiro: Casa da Ciência – Centro
Cultural de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Fórum de Ciência e Cultura.
PERUZZO, Cicília Maria Krohling.(1998) Comunicação nos
movimentos populares: a
participação na construção da cidadania. Petrópolis, RJ: Vozes,
PRETTO, Nelson de Lucca in “A educação e as redes planetárias de
comunicação.
Revista Educação e Sociedade, número 51. São Paulo: CEDES /
Papirus, Ano
XVI, Ago. 95, pp. 312-323.
TAKAHASHI T. Org. (2000) Sociedade da informação no Brasil:
livro verde. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia -Programa Sociedade
da Informação (SocInfo)
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