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O "Colóquio Internacional: Tendências contemporâneas da comunicação científica: desafios e perspectivas" foi promovido pela Diretoria de Divulgação Científica, orgão da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais. Foram debatidos os principais desafios da comunicação científica contemporânea tanto em ambientes corporativos quanto em redes entre países da América do Sul.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

JUOL - JORNAL UNIVERSITARIO UENF ON LINE:


 

JUOL - JORNAL UNIVERSITARIO UENF ON LINE:

UMA DÉCADA PRÁTICA DE DIVUGAÇÃO E POPULARIZAÇÃO DA CIENCIA, TECNOLOGIA  E  EXTENSÃO  DESDE O NORTE FLUMINENSE

 

Gantos, Marcelo Carlos, Zaganelli, Bárbara; Florêncio, Leandro de Souza

Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF)


 

 

“Palavra Chave:” Extensão Inovadora; Comunicação;  Mídia eletrônica; Divulgação Cientifica ;Popularização do Conhecimento

 

 

INTRODUCÃO

Desde inicio deste século testemunhamos na sociedade uma poderosa “manobra estratégica” de transferência no meio técnico-científico marcada por uma massiva onda migratória para os novos meios e serviços eletrônicos na produção,   gestão e comunicação do conhecimento, situação que no marco do ensino superior impulsiona a posta em pratica de uma operação de re-transcrição de hábitos e  saberes (BARBERO, 1997).  

Um recente estudo de mestrado realizado no âmbito da pós-graduação em Políticas Sociais do CCH /UENF evidenciou um avançado processo de mutação na cultura do jovens alunos respeito das praticas tradicionais de leitura e sua relação com a divulgação cientifica. A pesquisa verifica uma maciça migração do interesse e a atenção dos jovens para as novas formas de comunicação eletrônica associadas ao uso de Internet como referencia cultural e estilo de sociabilidade acadêmica (D´ALESSANDRI MUYLAERT, 2010).      

 Este vertiginoso momento de mutação cultural nos impus dentro da Universidade a urgente tarefa de adaptação e re-configuração  dos nossos domínios, estruturas  e práticas cognitivas e comunicativas adaptadas agora às novas possibilidades abertas pela  consolidação da sociedade da informação (TAKAHASHI, 2000) como contextos de significação de nosso agir  cientifico, acadêmico e político  (PRETTO,2005).

Nesse cenário desde a Unidade Experimental de Som e Imagem consideramos prioritário cooperar na experimentação  coletiva de uma estratégia institucional voltada para a inovação e fortalecimento do campo da Divulgação Científica assim  como  gerar  para  ações de Popularização da Ciência e a Tecnologia via audiovisual e mídia eletrônica (MASSARANI, 2002). Portanto, propomos o aproveitamento tático das ferramentas disponibilizadas pela convergência mediática articuladas a linguagem audiovisual  enquanto suporte informativo, já que como expressou Geraldo Sarno, mentor do projeto originário da UESI, “é a linguagem do mundo contemporâneo... Fundamental para o exercício político - porque é através dela que se exerce o poder político e as escolhas políticas.”.

Esta complexa e avassaladora  realidade que compartilhamos, somatória de tendências e mudanças sócio técnicas, delimitadas para nós particularmente à esfera da produção audiovisual e a disseminação do conhecimento, a ciência e a cultura,  nos indica que vivemos imersos num período histórico de redefinição da sociedade.  A convergência mediática (informática + internet + video) como modo de produção audiovisual e a TV como meio de comunicação de massa são percebidas hoje com as ferramentas privilegiadas da atual fase de  instrumentalização eletrônica dos  processos centrais do conhecimento e inclusão social contemporâneos que englobam tanto o ensino-aprendizagem e a inovação, como formas alternativas  de capacitação,  formação e acessibilidade da informação cientifica e sócio-cultural  para a população, todos estes  aspectos chaves de sustentação para as   formas emergentes da cidadania contemporânea (BERNARDES,2007)

 

Os objetivos orientadores que persegue  este projeto são: consolidar a área de divulgação cientifica e tecnológica na UENF promovendo via JUOL a re-criação em 2008/2009 da TV universitária em suporte WEB; desenvolver novas linguagens e formatos de comunicação audiovisual que possibilitem  fazer uma experiência de divulgação cientifica menos formal, nem por isso menos correta, baseada no exercício cotidiano da cidadania mediante o fomento ao  direito a informação. Por fim, se trata de democratizar a informação sobre a produção do conhecimento  estimulando a curiosidade, criatividade e capacidade de inovação dos jovens estimulando o desenvolvimento no alunado de novas competências lingüísticas, estéticas e técnicas que promovam a geração de uma experiência de divulgação cientifica atrativa para o publico jovem, isenta e, sobretudo,  eticamente cidadã.

 

METODOLOGIA

O JUOL desde sua criação como projeto de pesquisa em extensão universitária se apóia numa metodologia “ativa” vivenciada, prioritariamente, no âmbito da universidade, em seus laboratórios e salas de aula. Os conteúdos são elaborados a partir de pautas pré-estabelecidas em reuniões regulares da equipe passam por uma permanente  tradução de informações para nosso modelo de divulgação cientifica eletrônica. Isto implica trabalhar um processo de transcrição (“encoding”) permanente que se dá pela interação e dialogo constante entre ciência, conhecimento técnico e conhecimento comum e que se deseja vir a ser legitimado por aqueles aos quais os resultados irão beneficiar diretamente.  Na cooperação na elaboração das reportagens e matérias, no apoio na produção e nas duvidas expostas por esses sujeitos, os beneficiários se reconhecem como participes do processo de produção de informações e conteúdos e  também compõem a audiencia. 

 

Para dentro da própria instituição, traça-se uma visão integrada do social, somando à vida acadêmica o conhecimento recolhido no confronto com a realidade e a experiência cotidiana. A Universidade através do trabalho do JUOL assume seu compromisso público de se mostrar como um ponto de produção cientifica e tecnológica antenado e ligado às questões sociais de seu publico alvo.

A metodologia se fundamenta numa comunicação para mobilização social  (HENRIQUES,  2002) entendida como uma comunicação de natureza participativa que inclui a perspectiva do outro, permitindo uma ação transformadora. Surge da necessidade de repensar a produção e distribuição do conhecimento a partir dos processos comunicativos, procurando oferecer oportunidade ao maior numero de cidadãos de alcançá-lo. É uma vertente democrática e pedagógica que alia a comunicação audiovisual  a divulgação cientifica não só nos âmbitos de uma comunicação que veicula mensagens científicos tecnológicos para o grande publico senão  também de uma comunicação popular onde as pessoas podem chegar a ser, além de receptoras, produtoras e emissoras das mensagens. Esta mediação,  a um só tempo comunicativa e pedagógica, e em nosso caso experimental pelas suas características de inovação sócio-tecnológica, depende, como afirma PERUZZO (1999), de uma participação direta dos atores comunitários implicados nos processos comunicativos (mensagens, produção, planejamento e gestão dos meios de comunicação) e de estabelecer uma visão das pessoas como sujeitos ativos do processo de conhecimento. Busca-se experimentar e descobrir formas de adaptar as ferramentas de comunicação cientifica seu modo de produção e seus usos à realidade da comunidade em foco, bem como de possibilitar a educação da sensibilidade desta para a compreensão e o desejo do uso dos conhecimentos e das tecnologias em seu próprio benefício, construindo em conjunto as estratégias próprias para sua utilização.

Se promove a invenção de uma cultura cientifica local mediada pelo diálogo dos saberes e a cooperação interdisciplinar, fortalecendo assim a função de cidadania, na medida em que os participantes desenvolvem seu conhecimento trocam experiências e modificam seu modo de ver e relacionar-se com seu objeto, com a  ciência,   com a sociedade e com o próprio sistema de comunicação eletrônica encurtando distancias físicas e re-criando presenças virtuais. 

Durante os últimos dois anos foi experimentado como formato privilegiado do JUOL  a modalidade de REPORTAGEM DOCUMENTÁRIO AUDIOVISUAL. Esta se caracteriza, com respeito a outros gêneros, por sua diversidade temática e sua flexibilidade formal e adequação aos fins do projeto. É um gênero versátil já que se pode incorporar múltiplos procedimentos e recursos. Pode, por exemplo, absorver outros gêneros jornalísticos informativos – como notícias, crônicas, entrevistas – e de opinião – colunas e comentários – ou, além disso, pode assimilar parcial ou totalmente gêneros literários e artísticos – como novelas, ensaios ou teatro. A reportagem permite dar conta de uma realidade cada vez mais completa, de maneira que o receptor contemporâneo, com diferentes necessidades e exigências, não só tenha a possibilidade de estar informado como também de conhecer as causas e interpretações do acontecimento em foco.

A metodologia de divulgação cientifica aplicada esta mediada pelas  técnicas audiovisuais desenvolvidas na UESI de aproximação transversal, dialógica e interativa entre diferentes atores, entre o senso comum, o saber popular e o mundo acadêmico - cientifico, a Universidade, sua comunidade e por extensão a sociedade. Com isso, vale ainda a referência ao pensamento de FREIRE (1992) que fala da produção de conhecimento a partir de sua problematização, exigindo a co-participação e a reciprocidade entre aqueles que possuem o saber, ensinam e, ao mesmo tempo, aprendem.

Na esfera das técnicas de pesquisa aplicada à elaboração do JUOL, destacamos procedimentos próprios do domínio audiovisual tais como as atividades da área de produção, o registro videográfico (filmagem e captação de áudio), os processos digitais de edição e finalização dos produtos, a formatação para publicação na internet. Por ultimo  o processo de gravação e arquivamento em mídia digital (DVD) .

RESULTADOS

Ao longo de uma década de existência  graças a cíclica renovação  da equipe de colaboradores via programa Universidade Aberta, o JUOL tem conseguido melhorar a dinâmica de produção e atingir os objetivos cada dia mais exigentes. Destacamos neste ultimo biênio a elevação da freqüência da produção e disponibilizacão da pagina WEB de uma interessante seqüência programada de conteúdos que de forma equilibrada demonstram o potencial inovador da produção cientifica, tecnológica e extensionista dos diversos centros da UENF (ver em  http://www.uenf.br/Uenf/Pages/CCH/UESI/Jornal_Online/).

Esta conjuntura se traduz na origem alargada dos acesos ao JUOL, que  provenientes de diversos países  do mundo testemunham a demanda global de informação  e  capacidade  de alcance da iniciativa, fato  que nos valeu o convite recente para integrar a "Coleção  Memória Nacional", coordenada pela Biblioteca Nacional.  

A melhoria da qualidade técnica e estética da interfase eletrônica do JUOL na WEB aparece ainda com o maior desafio por atingir em virtude das ainda limitadas condições da infra-estrutura de Rede da UENF. Isto evidencia a integralidade e necessária cooperação dos segmentos técnicos  e criativos no possesso de  desenvolvimento do produto e sua interface com seupublico. O projeto JUOL desde 2002 mantêm uma seqüência regular e tematicamente diversa de publicações eletrônicas apoiada no trabalho de numa equipe de bolsistas de diversas formações e modalidades (PIBITI/IC e Extensão) e até de Pós-Graduação,  preparados permanentemente para auxiliar os técnicos na realização e manutenção do jornal. Todos os bolsistas incumbidos desenvolvem competências variadas, tanto técnicas como intelectuais; sabem editar, redigir textos e também entrevistar e apresentar, além de arquivar e armazenar os diversos conteúdos e as matérias. A vigência do JUOL se caracteriza pelo forte participação discente e apelo a inovação incorporando novas técnicas e tecnologias que são aprendidas e experimentadas em cada edição do jornal num ambiente participativo. O projeto também auxilia os alunos a se manter informados sobre o dia a dia da UENF acedendo as pesquisas que estão sendo realizadas, conhecendo os pesquisadores e discutindo suas utilidades e aplicações. Professores também são beneficiados por terem suas pesquisas expostas no jornal e assim divulgadas dentro e fora da comunidade.

 

CONCLUSÃO

O JUOL, primeira experiência de mídia eletrônica universitária da região, sustentada na  dedicação de seus colaboradores e apóio da PROEX, permanece vigente e com um horizonte de possibilidades cada vez mais amplo.  A recente outorga de um auxilio FAPERJ para o projeto JUOL é o reconhecimento do Cnpq no ultimo edital dedicado a promover a divulgação cientifica, são mostras da maturidade atingida  pelo JUOL. O auxilio referido contribuirá à modernização parcial da infra estrutura da UESI   fato que permitirá otimizar tarefas e desta foram crescer e somar a oferta atual de conteúdos novas modalidades de reportagens temáticos de maior duração em formato documental  e simultaneamente   prefigurar uma plataforma integrada de WEB TV-radio como estratégia viável. 

A vigência do JUOL se caracteriza pelo forte participação discente e apelo a inovação incorporando permanente de técnicas e tecnologias que são aprendidas e experimentadas em cada edição do jornal num ambiente participativo. O projeto também auxilia os alunos a se manter informados sobre o dia a dia da UENF acedendo as pesquisas que estão sendo realizadas, conhecendo os pesquisadores e discutindo suas utilidades e aplicações. Professores também são beneficiados por terem suas pesquisas expostas no jornal e assim divulgadas dentro e fora da comunidade.

Destacamos  o fato que o trabalho de campo e produção audiovisual realizado pelo JUOL vem despertando aos participantes para a descoberta do mundo da ciência e vida acadêmica estimulando o diálogo entre saberes e a cooperação interdisciplinar. Na medida em que as pessoas envolvidas nas atividades desenvolvem seu conhecimento e trocam experiências num fazer comum mudam seu modo de ver e relacionar-se com a ciência, a cultura e a sociedade. A metodologia praticada se apóia nas artes do vídeo aplicada para uma comunicação dirigida para a mobilização social. Isto promove uma relação de aproximação transversal, dialógica e interativa entre diferentes atores, entre o senso comum, o saber popular e o mundo acadêmico – cientifico, as expressões culturais, a Universidade e a comunidade local.

 

REFERENCIAS  BIBLIOGRAFICAS

 

BARBERO, Jesus Martín(1997). Dos meios às mediações. Rio de Janeiro: UFRJ.

BERNARDES, Cristiane. Hélio Costa diz que canal digital público é possível.

Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/homeagencia/materias.html?pk=100403

>. Acessado em 2 abr. 2007

D´ALESSANDRI MUYLAERT, Fúlvia M.(2008) Ciência e Sociedade: uma analise da compreensão publica da ciência entre leitores de jornais  e jornalistas de Campos dos Goytcazes (RJ) Dissertação de Mestrado, PPGPS/UENF

HENRIQUES, Márcio Simeone (org) (2002) Comunicação e estratégia de mobilização social. BeloHorizonte: Gênesis.

FREIRE, Paulo.(1992) Comunicação ou extensão? Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra.

LOGAN, Robert, K. (2012) Que é a informação. A propagação da organização da biosfera, na simbolosfera , na tecnologia e na ecofesra.Rio de Janeiro , Ed.Contraponto-PUC Rio

MASSARANI, Luisa; MOREIRA, Ildeu de Castro; BRITO; Fátima (2002). Ciência e  Público; caminhos da divulgação científica no Brasil. Rio de Janeiro: Casa da Ciência – Centro Cultural de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fórum de Ciência e Cultura.

PERUZZO, Cicília Maria Krohling.(1998) Comunicação nos movimentos populares: a

participação na construção da cidadania. Petrópolis, RJ: Vozes,

PRETTO, Nelson de Lucca in “A educação e as redes planetárias de comunicação.

Revista Educação e Sociedade, número 51. São Paulo: CEDES / Papirus, Ano

XVI, Ago. 95, pp. 312-323.

TAKAHASHI T. Org. (2000) Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília: Ministério da Ciência e Tecnologia -Programa Sociedade da Informação (SocInfo)

 

 

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